quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ostrogodos

Os ostrogodos surgiram na fronteiras do Império Romano a partir das invasões hunas na região do mar Negro. Até então visigodos e ostrogodos não haviam se dividido e estavam sob o poder do rei Hermenerico. Com as primeira invasões hunas o rei se suicidou e outros dois reis surgiram para sucedê-lo: Vitimiro (governou os ostrogodos) e Fritigerno (governou os visigodos).
Vitimiro foi eleito em um momento em que o povo ostrogodo vivia em uma situação muito precária tendo se suportar diversas derrotas frente aos hunos. Em 376, os ostrogodos sofreram uma derrota terrível, onde morreu o próprio Vitimiro. Como o filho de Vitimiro, Viderico, era uma criança, os generais Alateo e Safrax assumiram a regência até que ele cumprisse 21 anos. Após a derrota em mãos hunas, os ostrogodos dirigidos por Safrax e Alateo se dirigiram junto com os visigodos até o Dniestre, e mais adiante em direção ao Danúbio e ao Império Romano, porém outro grupo importante foi submetido pelos hunos.
Alateo e Safrax aderiram à revolta de Fritigerno e com ele participaram da Batalha de Adrianópolis em 378. Após esse período a única coisa que sabe sobre os três é que foram instalados junto com seu povo pelo imperador Graciano na Panônia. Até o ano de 453, as únicas referências aos ostrogodos são as informações das ajudas militares destes ao Império Huno, principalmente na Batalha dos Campos Cataláunicos (451).
Em 453, com a morte de Átila, os godos Valamiro, Videmiro e Teodomiro começaram uma revolta contra os hunos que acabaria causando em 454, com a Batalha de Nedao, a libertação do povo ostrogodo das mãos hunas. Em 454, os ostrogodos libertos foram junto dos três revoltosos para a Panônia onde formaram um reino ostrogodo. Esta região como já mencionado já estava sendo habitada pelos godos que fugiram dos hunos anos antes.
Valamiro, Videmiro e Teodomiro tornaram-se reis dos godos compartilhando o poder e o titulo.
Uma disputa relativa a certos impostos anuais levou Valamiro a dirigir um exército de ostrogodos contra Constantinopla (459462), onde o imperador bizantino Leão I prometeu um pagamento anual de ouro para satisfazê-lo. Durante um ataque contra os citas, Valamiro caiu de um cavalo e morreu (465).
Após a guerra contra hérulos, gépidas e citas pelo controle da Panônia, Videmiro se dirigiu com uma porção de ostrogodos até a Itália, em 473. Ali, o imperador Glicério os aconselhou a dirigir-se a Gália junto com seus parentes visigodos.
Desde então, Teodomiro, que era o maior dos irmãos, ficou como único rei dos ostrogodos da Panônia.
Casou-se com Erelieva, com que teve dois filhos: Teodorico e Amalafrida. Quando Teodomiro morreu em 474, seu filho Teodorico o sucedeu como rei.

Reino ostrogodo na Itália

Não muito depois de Teodorico se tornar rei, ele e Zenão I concluíram um acordo que beneficiava os dois lados. Os ostrogodos precisavam de um lugar para viver, e Zenão I estava tendo sérios problemas com Odoacro, rei da Itália que tinha causado a queda do Império Romano do Ocidente em 476. Ainda que formalmente fosse um vice-rei do imperador Zenão I, Odoacro estava ameaçando territórios bizantinos e não respeitava os direitos dos cidadãos romanos na Itália. Com o encorajamento de Zenão I, Teodorico invadiu o reino de Odoacro.
Teodorico chegou com seu exército à península Itálica em 488, onde venceu a Batalha de Isonzo (489), a Batalha de Milão (489) e a de Adda, em 490. Neste mesmo ano Ravenna foi assediada. O cerco durou três anos e foi marcado por dezenas de ataques de ambos os lados. No final, nenhum dos lados pode prevalecer de forma conclusiva, e assim em 2 de fevereiro de 493, Teodorico e Odoacro assinaram um acordo que garantiu a supremacia de ambos. Um banquete foi organizado para celebrar o tratado. Foi nesse banquete que Teodorico matou Odoacro com as próprias mãos.

Mapa do reino Ostrogodo no seu auge, sob Teodorico, o Grande

Teodorico foi um governante hábil, que soube conservar o equilíbrio entre as instituições imperiais e as tradições bárbaras. Homem culto, educado na corte de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, conseguiu ganhar a simpatia da aristocracia romana, cujos privilégios anteriores respeitou, e do povo, que assistia satisfeito à realização de obras públicas para a reconstrução e modernização de Roma. Ao que parece, Teodorico alimentava o projeto de fundar um império godo que impusesse seu domínio sobre o resto do mundo bárbaro. Para isso, manteve contato com outras tribos godas e estabeleceu vínculos familiares com os francos, os vândalos e os burgúndios.
Após sua morte em Ravenna, em 526, Teodorico foi sucedido pelo seu neto Atalarico. Atalarico foi inicialmente representado por sua mãe, Amalasunta, que atuou como rainha regente de 526 a 534.
Não suportando a regência de uma mulher, a educação romana ministrada ao rapaz, o tratamento obsequioso de Amalasunta em relação a Bizâncio, nem tampouco seu espírito conciliador com os romanos, a nobreza gótica decide tirar-lhe o filho e educá-lo segundo os costumes de seu povo.
O jovem, no entanto, não resistiu a isso e morreu em 534. Amalasunta, que queria manter o poder, desposou Teodato, um dos chefes do partido nacional.
Teodato exilou a esposa no lago de Bolsena e ordenou sua morte em 535. O assassinato de Amalasunta foi usado pelo imperador bizantino Justiniano I para não reconhecer a legitimidade do reinado de Teodato e invadir a Itália. A "reconquista" da Itália pelo Império Bizantino levaria quase duas décadas e seria mais destruidora que as invasões bárbaras dos dois séculos anteriores. Esse periodo foi denominado de Guerras Góticas.
Em 535, o exército bizantino de Justiniano I tinha conquistado a Sicília sob o comando do general bizantino Belisário que naquele momento estava no sul da península Itálica. Vitige reorganizou o exército e em 537 assediou Roma fazendo cortar todos os aquedutos que levavam água à cidade. Em março de 538, foi obrigado a interromper o assédio para retomar as operações militares no norte da Itália onde o general Giovanni estava rapidamente aproximando-se de Ravenna.
Em 540, Belisário atacou Ravenna, a capital dos ostrogodos. Vitige foi feito prisioneiro e levado a Constantinopla onde morreu sem herdeiros. Seu sucessor foi Ildibaldo, elegido pelo povo.
Ildibaldo reinou somente um ano antes de ser morto por um gépida num banquete no palácio. Ildibaldo era um visigodo, sobrinho de um dos reis visigodos da Espanha. Seu sucessor foi Erarico.
Erarico, um rugio, foi eleito rei dos ostrogodos em junho de 541, depois do assassinato de Ildibaldo. Os godos, porém, cansados e irritados com sua inaptidão e acreditando que ele tivesse feito acordos secretos com os bizantinos, ofereceram a coroa ao sobrinho de Ildibaldo, Totila. Depois de cinco meses de reinado, Erarico foi eliminado por uma conspiração.

Brincos ostrogodos em estilo policromo, Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque
Depois da segunda conquista de Roma, Totila fez uma campanha de propaganda, na qual pôs em confronto o estilo de vida dos ostrogodos no tempo de Teodorico o Grande, com os anos de sofrimento, da guerra e da política fiscal de Justiniano I. Teve menos sucesso com a política exterior, uma vez que não conseguiu fazer aliança com os francos.
Em 551, Justiniano I entregou o comando do exército bizantino ao general Narses, e o mandou a libertar a Itália: as suas tropas entraram na Itália do norte através dos Bálcãs, evitando as linhas defensivas góticas.
Totila então abandonou Roma, levando consigo 300 jovens reféns escolhidos entre as famílias mais importantes da cidade.
Em 30 de junho ou 1 de julho de 552, o exército ostrogodo foi derrotado na Úmbria sob as flechas dos arqueiros do exército de Narses, na Batalha de Tagina (também conhecida como Batalha de Busta Gallorum). Totila morreu em batalha ou durante a fuga, e os ostrogodos se reuniram sob o seu último rei na Itália, Teia.
No seu caminho ao sul da Itália, conseguiu apoio de proeminentes figuras no exército de Totila para fazer seu último ataque contra o general bizantino Narses na Batalha de Mons Lactarius, ao sul de Nápoles, em outubro de 552 ou início de 553. O exército ostrogodo foi derrotado novamente. Teia foi morto. Os sobreviventes se dispersaram ou foram reduzidos à escravidão.
Com esta derrota, a resistência organizada dos ostrogodos terminou. Embora o último nobre ostrogodo, Widin, tenha se revoltado ao norte da Itália, sendo capturado em 561 ou 562, os ostrogodos caíram na obscuridade.

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