quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Hérulos

Os Hérulos foram um povo germânico, originários do sul da Escandinávia. Invadiram o Império Romano no século III, provavelmente após ser expulso de sua região de origem.
Segundo alguns historiadores medievais, os hérulos junto com os godos participaram de varias expedições ao longo da costa saqueando o mar Negro e o mar Egeu (260).
São mencionados pela primeira vez em fontes romanas do século III quando em 268 e 269 participaram de uma coalizão bárbara que reunia os pecinos e os carpianos, as pequenas tribos germânicas, mas também os gépidas e sobretudo os godos. Este exército reunido, que contava com mais de 300.000 guerreiros (cifra certamente exagerada por cronistas romanos e gregos), atacou as forças do imperador Claudio II sobre o Danúbio.
Fixaram-se na costa do mar Negro, onde foram dominados pelos Ostrogodos e pelos Hunos, entre o século III e o século IV. Alguns de seus integrantes emigraram para a Escandinávia e outros se envolveram como mercenários do exercito do Império Romano do Oriente.
Após a morte de Átila, rei dos hunos em (453), os hérulos, em 454 se separaram dos hunos e constituíram um forte reino em torno de Brno (Morávia meridional) e Viena, submetendo as populações vizinhas, entre as quais os lombardos.
Em 476, os hérulos, liderados por Odoacro, invadiram a Itália e depuseram Rômulo Augusto, o último soberano do Império Romano do Ocidente.
Nominado rex gentium das suas tropas, Odoacro decidiu não nomear um sucessor ao imperador deposto. Em vez disso, enviou as insígnias imperiais ao imperador do Império Romano do Oriente, Zenão I, o qual, ainda que o convidando a submeter-se à autoridade do imperador legítimo, Júlio Nepos, aceitou de fato a sua soberania sobre as terras do Ocidente, decretando assim "oficialmente" o fim do Império Romano do Ocidente.
A administração de Odoacro se baseou numa política conservadora, deixando aos romanos a possibilidade de manter o exercício de cargos menores e o livre exercício do cristianismo, mantendo assim substancialmente intacta a estrutura organizacional precedente. Desta maneira assegurou a fidelidade da aristocracia, do Senado e da Igreja.
Depois de uma campanha militar contra os vândalos (476 - 477) que ocupavam a Sicília e a anexação da Dalmácia, Zenão I, preocupado com os recentes sucessos do rei germânico Odoacro, estimulou Teodorico, o Grande, rei dos ostrogodos, a invadir a Península Itálica. Teodorico derrotou Odoacro em Verona (489) e, depois de um longo assédio a Ravenna, o obrigou a capitular (493), para depois julgá-lo por traição.

Ostrogodos

Os ostrogodos surgiram na fronteiras do Império Romano a partir das invasões hunas na região do mar Negro. Até então visigodos e ostrogodos não haviam se dividido e estavam sob o poder do rei Hermenerico. Com as primeira invasões hunas o rei se suicidou e outros dois reis surgiram para sucedê-lo: Vitimiro (governou os ostrogodos) e Fritigerno (governou os visigodos).
Vitimiro foi eleito em um momento em que o povo ostrogodo vivia em uma situação muito precária tendo se suportar diversas derrotas frente aos hunos. Em 376, os ostrogodos sofreram uma derrota terrível, onde morreu o próprio Vitimiro. Como o filho de Vitimiro, Viderico, era uma criança, os generais Alateo e Safrax assumiram a regência até que ele cumprisse 21 anos. Após a derrota em mãos hunas, os ostrogodos dirigidos por Safrax e Alateo se dirigiram junto com os visigodos até o Dniestre, e mais adiante em direção ao Danúbio e ao Império Romano, porém outro grupo importante foi submetido pelos hunos.
Alateo e Safrax aderiram à revolta de Fritigerno e com ele participaram da Batalha de Adrianópolis em 378. Após esse período a única coisa que sabe sobre os três é que foram instalados junto com seu povo pelo imperador Graciano na Panônia. Até o ano de 453, as únicas referências aos ostrogodos são as informações das ajudas militares destes ao Império Huno, principalmente na Batalha dos Campos Cataláunicos (451).
Em 453, com a morte de Átila, os godos Valamiro, Videmiro e Teodomiro começaram uma revolta contra os hunos que acabaria causando em 454, com a Batalha de Nedao, a libertação do povo ostrogodo das mãos hunas. Em 454, os ostrogodos libertos foram junto dos três revoltosos para a Panônia onde formaram um reino ostrogodo. Esta região como já mencionado já estava sendo habitada pelos godos que fugiram dos hunos anos antes.
Valamiro, Videmiro e Teodomiro tornaram-se reis dos godos compartilhando o poder e o titulo.
Uma disputa relativa a certos impostos anuais levou Valamiro a dirigir um exército de ostrogodos contra Constantinopla (459462), onde o imperador bizantino Leão I prometeu um pagamento anual de ouro para satisfazê-lo. Durante um ataque contra os citas, Valamiro caiu de um cavalo e morreu (465).
Após a guerra contra hérulos, gépidas e citas pelo controle da Panônia, Videmiro se dirigiu com uma porção de ostrogodos até a Itália, em 473. Ali, o imperador Glicério os aconselhou a dirigir-se a Gália junto com seus parentes visigodos.
Desde então, Teodomiro, que era o maior dos irmãos, ficou como único rei dos ostrogodos da Panônia.
Casou-se com Erelieva, com que teve dois filhos: Teodorico e Amalafrida. Quando Teodomiro morreu em 474, seu filho Teodorico o sucedeu como rei.

Reino ostrogodo na Itália

Não muito depois de Teodorico se tornar rei, ele e Zenão I concluíram um acordo que beneficiava os dois lados. Os ostrogodos precisavam de um lugar para viver, e Zenão I estava tendo sérios problemas com Odoacro, rei da Itália que tinha causado a queda do Império Romano do Ocidente em 476. Ainda que formalmente fosse um vice-rei do imperador Zenão I, Odoacro estava ameaçando territórios bizantinos e não respeitava os direitos dos cidadãos romanos na Itália. Com o encorajamento de Zenão I, Teodorico invadiu o reino de Odoacro.
Teodorico chegou com seu exército à península Itálica em 488, onde venceu a Batalha de Isonzo (489), a Batalha de Milão (489) e a de Adda, em 490. Neste mesmo ano Ravenna foi assediada. O cerco durou três anos e foi marcado por dezenas de ataques de ambos os lados. No final, nenhum dos lados pode prevalecer de forma conclusiva, e assim em 2 de fevereiro de 493, Teodorico e Odoacro assinaram um acordo que garantiu a supremacia de ambos. Um banquete foi organizado para celebrar o tratado. Foi nesse banquete que Teodorico matou Odoacro com as próprias mãos.

Mapa do reino Ostrogodo no seu auge, sob Teodorico, o Grande

Teodorico foi um governante hábil, que soube conservar o equilíbrio entre as instituições imperiais e as tradições bárbaras. Homem culto, educado na corte de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, conseguiu ganhar a simpatia da aristocracia romana, cujos privilégios anteriores respeitou, e do povo, que assistia satisfeito à realização de obras públicas para a reconstrução e modernização de Roma. Ao que parece, Teodorico alimentava o projeto de fundar um império godo que impusesse seu domínio sobre o resto do mundo bárbaro. Para isso, manteve contato com outras tribos godas e estabeleceu vínculos familiares com os francos, os vândalos e os burgúndios.
Após sua morte em Ravenna, em 526, Teodorico foi sucedido pelo seu neto Atalarico. Atalarico foi inicialmente representado por sua mãe, Amalasunta, que atuou como rainha regente de 526 a 534.
Não suportando a regência de uma mulher, a educação romana ministrada ao rapaz, o tratamento obsequioso de Amalasunta em relação a Bizâncio, nem tampouco seu espírito conciliador com os romanos, a nobreza gótica decide tirar-lhe o filho e educá-lo segundo os costumes de seu povo.
O jovem, no entanto, não resistiu a isso e morreu em 534. Amalasunta, que queria manter o poder, desposou Teodato, um dos chefes do partido nacional.
Teodato exilou a esposa no lago de Bolsena e ordenou sua morte em 535. O assassinato de Amalasunta foi usado pelo imperador bizantino Justiniano I para não reconhecer a legitimidade do reinado de Teodato e invadir a Itália. A "reconquista" da Itália pelo Império Bizantino levaria quase duas décadas e seria mais destruidora que as invasões bárbaras dos dois séculos anteriores. Esse periodo foi denominado de Guerras Góticas.
Em 535, o exército bizantino de Justiniano I tinha conquistado a Sicília sob o comando do general bizantino Belisário que naquele momento estava no sul da península Itálica. Vitige reorganizou o exército e em 537 assediou Roma fazendo cortar todos os aquedutos que levavam água à cidade. Em março de 538, foi obrigado a interromper o assédio para retomar as operações militares no norte da Itália onde o general Giovanni estava rapidamente aproximando-se de Ravenna.
Em 540, Belisário atacou Ravenna, a capital dos ostrogodos. Vitige foi feito prisioneiro e levado a Constantinopla onde morreu sem herdeiros. Seu sucessor foi Ildibaldo, elegido pelo povo.
Ildibaldo reinou somente um ano antes de ser morto por um gépida num banquete no palácio. Ildibaldo era um visigodo, sobrinho de um dos reis visigodos da Espanha. Seu sucessor foi Erarico.
Erarico, um rugio, foi eleito rei dos ostrogodos em junho de 541, depois do assassinato de Ildibaldo. Os godos, porém, cansados e irritados com sua inaptidão e acreditando que ele tivesse feito acordos secretos com os bizantinos, ofereceram a coroa ao sobrinho de Ildibaldo, Totila. Depois de cinco meses de reinado, Erarico foi eliminado por uma conspiração.

Brincos ostrogodos em estilo policromo, Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque
Depois da segunda conquista de Roma, Totila fez uma campanha de propaganda, na qual pôs em confronto o estilo de vida dos ostrogodos no tempo de Teodorico o Grande, com os anos de sofrimento, da guerra e da política fiscal de Justiniano I. Teve menos sucesso com a política exterior, uma vez que não conseguiu fazer aliança com os francos.
Em 551, Justiniano I entregou o comando do exército bizantino ao general Narses, e o mandou a libertar a Itália: as suas tropas entraram na Itália do norte através dos Bálcãs, evitando as linhas defensivas góticas.
Totila então abandonou Roma, levando consigo 300 jovens reféns escolhidos entre as famílias mais importantes da cidade.
Em 30 de junho ou 1 de julho de 552, o exército ostrogodo foi derrotado na Úmbria sob as flechas dos arqueiros do exército de Narses, na Batalha de Tagina (também conhecida como Batalha de Busta Gallorum). Totila morreu em batalha ou durante a fuga, e os ostrogodos se reuniram sob o seu último rei na Itália, Teia.
No seu caminho ao sul da Itália, conseguiu apoio de proeminentes figuras no exército de Totila para fazer seu último ataque contra o general bizantino Narses na Batalha de Mons Lactarius, ao sul de Nápoles, em outubro de 552 ou início de 553. O exército ostrogodo foi derrotado novamente. Teia foi morto. Os sobreviventes se dispersaram ou foram reduzidos à escravidão.
Com esta derrota, a resistência organizada dos ostrogodos terminou. Embora o último nobre ostrogodo, Widin, tenha se revoltado ao norte da Itália, sendo capturado em 561 ou 562, os ostrogodos caíram na obscuridade.

Suevos

Os suevos foram um dos povos que ocuparam a Hispânia durante as Invasões bárbaras, fundando um reino na antiga província romana da Galécia (actual norte de Portugal e Galiza) que duraria entre os anos 409 a 585 d.C., data em que foi anexado pelos Visigodos. Os suevos eram um povo germano oriundo da região entre os rios Elba e Oder, na Alemanha. O historiador romano Tácito chegou a referir-se a todos os germanos do além-Elba como "suevos". Mais tarde, e com outras tribos de diferentes etnias, participaram na fundação da Suábia no sul da Alemanha.



Os suevos chegaram à Península Ibérica em 409, juntamente com outros invasores germânicos – vândalos, búrios e com os alanosvisigodos, numa migração desencadeada pela fuga à destruição causada pelos hunos entre os anos 372 e 375. Os suevos cruzaram os Pirenéus e fundaram um reino, com capital em Bracara Augusta, o qual, na sua máxima extensão, englobava a totalidade da província da GaléciaLusitânia, até ao Tejo. O território mais a sul foi ocupado pelos visigodos. Os suevos instalaram-se principalmente em torno de cidades como Bracara Augusta (Braga), Portus Cale (Porto), Lucus Augusta (Lugo) e Asturica (Astorga). e a parte norte da (não-germânicos) e mais tarde os
Em 438 o rei suevo Hermerico ratificou a paz com os povos galaicos e, cansado por uma vida de lutas, já que comandava os suevos desde quando estes entraram na Península Ibérica, abdicou em favor de seu filho Réquila I.
Em 448 Réquila morreu, deixando um estado em expansão a seu filho Requiário que, sendo católico, impôs este credo à população sueva. A população urbana da Galécia era já predominantemente católica. A cidade de Braga como capital do reino suevo e sede episcopal ganhou grande importância, a qual ainda hoje é visível no carácter metropolita da sua , primaz entre as dioceses do Noroeste peninsular.

Declínio e queda do reino suevo

Em 456 Requiário I morre e vários pretendentes aparecem, agrupados em duas facções. Nota-se uma divisão marcada pelo rio Minho, provavelmente um reflexo das duas tribos, quados e marcomanos, que constituíam a nação sueva na Península Ibérica.
Em 585 os visigodos destroçaram os suevos e capturaram seu rei, Andeca. O reino suevo foi anexado pelo Reino Visigodo de Toledo, mas provavelmente subsistiu um certo grau de autonomia. Segundo as crónicas de Afonso III, enquanto Égica governava o reino dos godos Vitiza governava o reino dos suevos.

Visigodos

Os visigodos foram um de dois ramos em que se dividiram os godos, um povo germânicoostrogodos. Ambos pontuaram entre os bárbaros que penetraram o Império Romano tardio no período das migrações. Após a queda do Império Romano do Ocidente, os visigodos tiveram um papel importante na Europa nos 250 anos que se seguiram, particularmente na península Ibérica, onde substituíram o domínio romano na Hispânia, reinando de 418 até 711, data da invasão muçulmana, que substituiria o reino visigodo pelo Al-Andaluz originário do leste europeu, sendo o outro os
Alguns autores defendem a origem do nome "visigodo" na palavra Visi ou Wesa ("bom") e do nome Ostro, de astra (resplandescente). Mas a opinião mais consagrada considera a origem da palavra na denominação de "godos do oeste", do alemão "Westgoten", "Wisigoten" ou "Terwingen", por comparação com os ostrogodos ou "godos do leste" — em alemão "Greutungen", "Ostrogoten" ou "Ostgoten"
Os vestígios visigóticos em Portugal e Espanha incluem várias igrejas e descobertas arqueológicas crescentes, mas destaca-se também a notável quantidade de nomes próprios e apelidos que deixaram nestas e noutras línguas românicas. Os visigodos foram o único povo a fundar cidades na Europa ocidental após a queda do Império Romano e antes do pontuar dos carolíngios. Contudo o maior legado dos visigodos foi o Direito visigótico, com o Liber iudiciorum, código legal que formou a base da legislação usada na generalidade da Ibéria cristã medieval durante séculos após o seu reinado, até ao século XV, já no fim da Idade Média.



Os visigodos emergiram como um povo distinto no século IV, inicialmente nos BálcãsItália e saqueando Roma sob o comando de Alarico I, no ano 410. Este povo conquistou no século III a Dácia, província romana situada na Europa centro-oriental. No século IV, ante a ameaça dos hunos, o imperador bizantinoValente concedeu refúgio aos visigodos ao sul do Danúbio, mas a arbitrariedade dos funcionários romanos levou-os à revolta. Penetraram nos Balcãs e, em 378, esmagaram o exército do imperador Valente nas proximidades da cidade de Adrianópolis. Quatro anos depois, o imperador Teodósio I, o Grande conseguiu estabelecê-los nos confins da Mésia, província situada ao norte da península balcânica. Tornou-os federados (foederati) do império e deu-lhes posição proeminente na defesa. Os visigodos prestaram uma ajuda eficaz a Roma até 395, quando começaram a mudar-se para oeste. Em 401, chefiados por Alarico I, que rompera com os romanos, entraram na Itália e invadiram a planície do , mas foram repelidos. Em 408 atacaram pela segunda vez e chegaram às portas de Roma, que foi tomada e saqueada em 410. onde participaram em várias guerras com os romanos, e por fim avançando por


Arquitectura

Os poucos exemplares sobreviventes da arquitectura visigótica do século VI são a igreja de San Cugat del Vallés em Barcelona, a ermida e igreja de Santa Maria de Lara, a Capela de São Frutuoso em Braga, a Igreja de São Gião na Nazaré e alguns vestígios da Igreja de Cabeza de Griego, em Cuenca. Contudo o seu estilo propagou-se nos séculos seguintes, embora os exemplos mais notáveis sejam rurais e estejam na maioria em ruínas. Os visigodos influenciaram formas artísticas originais, como o arco de ferradura e a plantacruciforme das igrejas.
Algumas das características da arquitectura visigótica são:Planta de basílica, e por vezes cruciforme, 
                                                                                                                            Igreja de San Pedro de la Nave, Zamora.
forma de ferradura sem pedras de fecho; Abside
  rectangular exterior; Uso de colunas e pilares com capitéis coríntios de desenho particular; Abóbodas com cúpulas nos cruzamentos; Paredes em blocos alternando com tijolos; Decoração com motivos vegetais e animais. Exemplares sobreviventes de arquitectura visigótica:Capela de São Frutuoso (Braga), Igreja de São Gião (Nazaré), San Juan de Baños de CerratoPalencia), Cripta de San Antolín de Palencia, San Pedro de la Mata (Toledo), Santa Comba de Bande (Ourense), San Pedro de la Nave (Zamora), Santa María de Quintanilla de las ViñasBurgos), Santa María de Melque (Toledo). ( (

Burgúndios

Os Burgúndios foram um povo de origem escandinava. O nome Burgúndio faz referência aos habitantes que ocupavam o território da Borgonha, o povo que recebeu esse nome é também conhecido como “os montanheses”. Os Burgúndios tiveram origem na Escandinávia e migraram para se instalarem na Gália e na Germânia durante o período do Baixo Império Romano. 
Este povo tentou se estabelecer na região do que hoje conhecemos como Bélgica, mas foram derrotados e expulsos por Aécio no ano de 436. Em seguira, guiaram-se para Savóia e de lá se espalharam pelas bacias do Saône e do Ródano, quando finalmente foram submetidos pelos Francos.
Os Burgúndios professavam o arianismo, mas, durante o período de permanência em terras francesas, muitos deles se converteram ao catolicismo. A religião foi fator de conflito com os povos do local e também com os romanos em algumas ocasiões.
Conseguiram edificar ainda dois reinos importantes. O primeiro se instalou na margem esquerda do rio Reno e apoderou-se das terras de Worms, Speier e Estrasburgo, as quais foram concedidas, posteriormente, pelo próprio imperador romano por ocasião de um pacto de trégua entre os dois povos. Mas, em 436, as tropas do general romano Flávio Aécio se encarregaram de submeter os Burgúndios e a completa destruição do território dos Worms e do reino burgúndio se deu pelas mãos dos hunos.
Já o segundo reino burgúndio se formou mais uma vez por concessão do Império Romano e foi organizado na região de Sapaudia. Tornaram-se aliados dos romanos durante algumas décadas e os ajudaram a combater alguns povos. Os Burgúndios acreditavam que um império de tal povo pudesse se organizar. Para isso, seus líderes negociaram com os senadores romanos uma expansão territorial e uma divisão de forças. Mas a consolidação do segundo reino foi marcada por muita violência e por muito sangue. Ainda assim, os Burgúndios conseguiram expandir seu poderio até o sudeste da França, mas foram completamente dominados pelos francos e plenamente absorvidos.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Lombardos

Os principados lombardos no século X.

O Estado independente em Salerno inspirou os gastaldos de Cápua a procurar a independência e, pelo fim do século, já se designavam "príncipes", formando um terceiro Estado lombardo. Cápua e Benevento posteriormente foram unidos por Atenulfo, em 900, que declarou-os em "união perpétua" - fato que duraria até 982, com a morte de Pandulfo Cabeça de Ferro. Com todos os territórios lombardos do sul sob seu controle, com a exceção de Salerno, Atenulfo sentiu-se apto a utilizar o título de princeps gentis Langobardorum ("príncipe do povo lombardo"), que Aragiso II tinha começado a usar em 774. O principado foi governado pelos sucessores de Atenulfo por boa parte daquele século. Enquanto isso, o príncipe Gisulfo de Salerno também havia começado a utilizar o título Langobardorum gentis princeps, por volta de meados do século. O ideal de um principado lombardo unido, no entanto, só foi realizado em dezembro de 977, quando Gisulfo morreu e seus domínios foram herdados por Pandolfo Cabeça de Ferro, que teve controle temporário sobre toda a Itália ao sul de Roma, e formou uma aliança entre os lombardos e o Sacro Império Romano. Seus territórios foram divididos depois de sua morte.

Landolfo, o Ruivo, de Benevento e Cápua, tentou conquistar o principado de Salerno com a ajuda de João III de Nápoles, mas Gisulfo, com a ajuda de Mastalo de Amalfi, conseguiu derrotá-lo. Os soberanos de Benevento e Cápua tentaram por diversas vezes invadir a Apúlia bizantina durante o período, porém a presença austera de Basílio II conseguiu manter domínio bizantino na região.
A principal fonte para a história dos principados lombardos neste período é o Chronicon Salernitanum, escrito no fim do século em Salerno.

Lingua Lombarda.

A língua lombarda é uma língua germânicaextinta cujo uso começou a declinar no século VII, mas que ainda estava em uso até por volta do ano 1000. Foi preservada apenas de maneira fragmentária, com a sua principal evidência consistindo de palavras individuais citados em textos latinos. Na ausência de textos completos no idioma, nada se pode concluir sobre a sua morfologia e sintaxe. A classificação genética do idioma tem como base apenas a sua fonologia. Como existem evidências de o lombardo tenha participado - e até mesmo seja a sua evidência mais antiga - da mudança consonantal do alto alemão, costuma ser classificado como um dialeto germânico do Elba ou alemão superior.
Fragmentos do lombardo foram preservadores em inscrições rúnicas. Entre as fontes primárias do idioma estão inscrições curtas no antigo futhark, entre elas a "cápsula de bronze de Schretzheim" (c. 600). Diversos textos latinos incluem nomes lombardos, e textos jurídicos lombardos contêm termos retirados do vocabulário legal do vernáculo. Em 2005, alegou-se que a inscrição da espada de Pernik poderia estar em lombardo.
A sociedade lombarda estava divida em classes comparáveis àquelas encontradas nos outros Estados germânicos que sucederam Roma: a Gália franca e a Hispânia visigótica. Basicamente existia uma classe nobre, uma classe de homens livres abaixo da nobreza, uma classe de indivíduos que não eram livres mas que tampouco eram escravos (servos), e finalmente os escravos. A aristocracia em si era mais pobre, mais urbanizada, e possuía menos terra do que em outros locais. além dos mais ricos e poderoso entre os duques e do próprio rei, os nobres lombardos costumavam viver em cidades (ao contrário de seus equivalentes francos), e tinham pouco mais do que o dobro de terra, em média, do que a classe dos comerciantes (uma diferença muito grande dos aristocratas provincianos francos que detinham enormes extensões de terras, centenas de vezes maiores do que a dos homens que lhes sucediam nas escalas de poder). A aristocracia do século VIII dependia muito do rei para fontes de renda, especialmente no que dizia respeito às obrigações judiciais; diversos nobres lombardos são referidos em documentos contemporâneos como iudices (juízes), mesmo quando seus cargos já tinham importantes funções militares e legislativas.
Os homens livres no reino lombardo eram muito mais numerosos do que em terras francas, especialmente no século VIII, quando parecem praticamente desaparecer da evidência documental destes últimos. Pequenos proprietários de terra, agricultores e arrendatários de terra eram os tipos mais numerosos de pessoas a serem listadas nos documentos existentes do reino lombardo; possuíam mais da metade das terras da Itália lombarda. Estes homens livres eram exercitales e viri devoti, isto é, "soldados" e "homens devotos"; formavam o grosso dos homens conscritos para o exército lombardo, por vezes chamados para servir ainda que contra sua vontade. A pequena classe de proprietários de terra, no entanto, não tinha a influência política necessária com o rei (e os duques) para controlar a política e a legislação do reino. A aristocracia tinha, no geral, mais poder político do que seus equivalentes na Gália e Hispânia do período, embora detivesse menor poder econômico.
A urbanização da Itália lombarda foi caracterizada pelas città ad isole ("cidades como ilhas"). A arqueologia indica que as grandes cidades da Itália lombarda - Pávia, Lucca, Siena, Arezzo, Milão - foram formadas a partir de diminutas ilhas de urbanização dentro das antigas muralhas das cidades romanas. As cidades do Império Romano haviam sido destruídas parcialmente na série de guerras dos séculos V e VI; diversos de seus setores ficaram em ruínas, e os antigos monumentos se tornaram campos de relva utilizados como pasto para animais (o Fórum Romano, por exemplo, se tornou o Campo Vaccinio: o campo das vacas). As partes destas cidades que permaneceram intactas eram pequenas, modestas e continham uma catedral ou igreja principal (frequentemente decorada de maneira suntuosa) e alguns poucos edifícios públicos e casas de aristocratas. Poucos edifícios importantes eram feitos de pedra, e a maior parte era de madeira. As regiões habitadas de cada cidade eram separadas das outras por campos e pastos, mesmo dentro das muralhas da cidade.

Arte e arquitetura

Durante sua fase nômade, os lombardos criaram pouco em termos de arte; apenas aquilo que pudesse ser levado com eles, apenas objetos como armas e joias. Embora relativamente pouco deste material tenha sobrevivido, ele parece semelhante aos seus equivalentes feitos por outras tribos germânicas do norte e do centro da Europa no mesmo período.
As primeiras grandes modificações feitas ao estilo germânico dos lombardos se deu na Panônia, e especialmente na Itália, sob a influência dos estilos arquitetônicos locais, cristãos e bizantinos. A conversão do nomadismo e paganismo para o sedentarismo e o cristianismo também abriu novas áreas de expressão artística, como igrejas e afrescos.

Sociedade do período das migrações

Os reis lombardos remontam a pelo menos por volta de 380 d.C., o início do período conhecido como o das grandes migrações. O conceito de reis surgiu entre os povos germânicos uma vez que a necessidade de um único comando militar mostrou-se necessária. Ludwig Schmidt acreditava que as tribos germânicas fossem divididas de acordo com cantões, e que a primeira forma de governo teria sido uma assembleia geral que escolhia os chefes dos cantões e os líderes de guerra de cada um deles (em épocas de guerra); todos estes cargos eram selecionados provavelmente a partir de uma casta de nobres. Como resultado das guerras surgidas destas migrações, o poder real se desenvolveu de tal maneira que o rei se tornou o representante do povo; porém a influência do povo sobre o governo não desapareceu totalmente.Paulo, o Diácono dá um relato da estrutura tribal lombarda durante a migração:
. . . para que pudessem aumentar os números de seus guerreiros, concedem a liberdade a muitos daqueles que resgatam do jugo da escravidão, e, para que a liberdade deles possa ser tida como definitiva, a confirmavam de sua maneira costumeira, com uma flecha e a pronúncia de certas palavras de seu país, que confirmavam o fato.
A emancipação completa, no entanto, parece ter sido concedida apenas a francos e lombardos.

Invasão e conquista da península Itálica

Em 560, um novo e enérgico rei surgiu: Alboíno, que derrotou seus vizinhos, os gépidas, tornando-lhes seus vassalos, e casou-se, em 566, com a filha de seu rei Cunimundo, Rosamunda. Na primavera de 568, Alboíno liderou os lombardos, juntamente com outras tribos germânicas (bávaros, gépidas, saxões) e búlgaras, atravessando os Alpes Julianos com uma população de 400 a 500.000 pessoas, e invadindo o norte da península Itálica, após serem expulsos da Panônia pelos ávaros. A primeira cidade importante a ser tomada foi Forum Iulii (Cividale del Friuli), no nordeste da Itália, em 569. Lá, Alboíno fundou o primeiro ducado lombardo, que ele confiou a seu sobrinho, Gisulfo. Logo Vicenza, Verona e Bréscia caíram nas mãos germânicas. No verão de 569, os lombardos conquistaram o principal centro romano do norte da Itália, Milão. A região ainda estava se recuperando das terríveis Guerras Góticas, e o pequeno exército bizantino estacionado ali para sua defesa pouco pôde fazer. O exarca enviado à Itália pelo imperador bizantino Justino II, Longino, conseguiu defender apenas as cidades costeiras, que podiam receber auxílio da poderosa marinha bizantina. Pavia caiu após um cerco de três dias, em 572, tornando-se a primeira capital do novo reino lombardo da Itália. Nos anos seguintes, os lombardos foram rumo ao sul, conquistaram a Toscana e fundaram dois outros ducados, Spoleto e Benevento, confiados a Zoto, que logo se tornaram independentes e duraram mais que o reino do norte, sobrevivendo até o século XII. Os bizantinos conseguiram manter o controle da região de Ravena a Roma, ligadas por um corredor estreito que passava por Perugia.
Quando entraram na Itália, alguns lombardos ainda mantinham sua forma nativa de paganismo, enquanto outros eram cristãos arianos. Isto lhes colocou desde o início em más relações com a Igreja Católica. Gradualmente adotaram os títulos, nomes e tradições romanas, e converteram-se, parcialmente, à Igreja Ortodoxa, no século VII - não sem antes passar por uma longa série de conflitos étnicos e religiosos.
Todo o território lombardo estava dividido em 36 ducados, cujos líderes tinham sede nas principais cidades. O rei lhes governava, e administrava todo o território através de emissários chamados gastaldi. Esta subdivisão, no entanto, aliada à indocilidade independentista dos ducados, não conferiu unidade ao reino, tornando-o fraco se comparado aos bizantinos, especialmente depois que estes puderam se recuperar da invasão inicial. Esta fraqueza se tornou ainda mais evidente quando os lombardos tiveram de confrontar o poder crescente dos francos. Como resposta a esse problema, os reis gradualmente tentaram centralizar o poder. Acabaram, no entanto, perdendo definitivamente o controle sobre os ducados de Spoleto e Benevento no processo.